Práticas Agroecológicas

Um produto genuinamente agrogeológico em Cabo Verde

Relato enviado por Jaime Ledo Barros de Pina1

1- Introdução


Em Cabo verde temos dois tipos de agricultura
Agricultura do regadio (agua proveniente dos poços, furos, ribeiras, ETAR ou mesmo de agua dessalinizada para produção de hortaliças raízes e tubérculos.
Agricultura do Sequeiro (milho, feijões, amendoin e alguns tuberculos)
Agricultura do sequeiro, é dependente da época das chuvas (chuvas ocorrem entre os meses de julho a setembro caracterizada por certa irregularidade das chuvas, tanto em sua distribuição no espaço bem como no tempo (diferentes zonas agroecologias desde zonas áridas (200mm/ano) nas zonas litorais das ilhas, avançando com a subida em altitude para o semi árido, sub húmido e húmido nas zonas mais altas do interior das ilhas e principalmente nas vertente viradas a norte que pode ultrapassar os 1500 mm/ano
dependendo dos anos de boas chuvas.
O milho cultivado no regime de sequeiro pode ser considerado como um produto genuinamente agrogeológico em cabo verde pelas suas caraterísticas e forma peculiares de cultivo.
Presume-se que cultura da cultura do milho foi introduzida em cabo verde por volta do sec XVI através de sementes trazidas da américa latina mais concretamente do Brasil.
O milho agora cultivado em Cabo verde denominado de “Milho de Terra” semente crioula pelas suas caraterísticas sui generis de adaptação e naturalização às condições edafo-climáticas de Cabo verde ao longo desses vários séculos transformando em ecotipos local com adaptação diferente nos diversos extratos climáticos e orientação de vertentes.
Não há registos de utilização para sementeira em Cabo Verde de sementes de milho transgénicos ou híbridos importado de outros destinos.

2- Sementeira

O milho sempre foi cultivado de forma tradicional no regime de sequeiro em que sempre foi semeado consociado com feijões semeados na mesma cova (3 a 4 grãos de milho por cova) mais outros feijões.
Essas sementeiras sempre consociadas com outros feijões, favorecem à cultura do milho porque como se sabe as leguminosas tem a capacidade de fixar o azoto no solo.

3- Fertilização


No regime de sequeiro nunca foi utilizado qualquer tipo de fertilizante sintético para aumentar a produção do milho.
Pratica comum é de fazer estrumação das covas, quando houver, com estume proveniente das estribarias ao curais de cabras ou dos poleiros das galinhas.

4- Tratamento Fitossanitários

Tratamento fitossanitários para culturas milho no regime de sequeiro é insipiente.
Nos últimos anos com o aparecimento da praga de lagarta de cartucho do milho, tem sido feito algum tratamento, mas mesmo assim o controle é feito de forma biológica com utilização de inimigos naturais da lagarta, uso de estrato de neem, ou utilização de
pesticidas biológicos como Thurex ou Bacillus Thurigensis.


5- Amanhos culturais

Os tratos culturais e amanhos culturais de forma tradicional, favorecem de forma natural a cultura do milho. É feito duas mondas com intervalos de tempo de cerca de 22 dias com objetivo de eliminar as ervas daninhas nos espaços entra as covas e são arrastadas terra para o pé dos milhos. Esta pratica ajuda a melhorar a fixação das plantas ao solo, estimula a criação e raízes adventícias no caule do milho e a amontoa contribui para maior concentração da humidade no raio de distribuição das raízes fasciculares do milho.
Quando o milho começar a floração, que é uma altura critica para o milho para ter boa humidade e consequentemente boa produção, como o regime hídrico é irregularno regime de sequeiro e nem sem sempre tem a chuva que garanta a humidade ideal, então como
pratica tradicional faz-se derrama de flor de forma seletiva, deixando poucas flores masculinas distribuídas de forma alectórias no campo.
A polinização é favorecida pelo vento.
Quando é considerado que a polinização já foi feita em todo o campo então é retirada todas as flores masculinas e parte das ultimas 3 folhas. Essa pratica reorienta que todo o produto da fotossíntese seja poupado e direcionada para ser utilizada no engrossamento
dos grãos nas espigas.

6- Colheita

Após as espigas estiverem formadas e terminando o ciclo vegetativo da planta do milho, a planta seca e as espigas são deixadas na planta mãe por tempo que quanto basta, para ser feito a colheita na lua certa, garantindo assim que o milho depois de debulhado pode ser armazenado sem correr o risco de estragar-se.

7- Tratamento Pós colheita

O milho normalmente é armazenado em bidões de 200 litros, completamente cheios, sem deixar espaços vazios e tampadas com tampas herméticas que não deixa o ar entrar, assim o milho pode ficar conservado por vários anos.

8- Conclusão


O milho cultivado em Cabo verde denominado de “Milho de Terra” semente crioula,

pelas suas caraterísticas sui generis de adaptação e naturalização às condições edafo-climáticas de Cabo verde ao longo desses vários seculos transformando em ecotipos local.

com adaptação diferente nos diversos extratos climáticos e orientação de vertentes pode ser considerado um produto genuinamente agrogeológico em Cabo Verde.

1 MAA / S.Filipe/ Delegado