Práticas Agroecológicas

Relato enviado por Jorge Yonuma Hotel Bonga

Praticas Agroecológicas dos membros afectos a Escola de Campo de Agricultores Chitumba Chassela no município da Conda em Angola  

Contextualização da localidade da experiência

Chitumba Chassela é uma Escola de Campo de Agricultores (ECA) criada no âmbito do projecto SAMAP (Desenvolvimento da Agricultura Familiar e Comercialização), em parceria com a FAO Angola, situada na aldeia Dumbo III no município da Conda em Angola.

A aldeia Dumbo III dista a 20 quilómetros da sede capital do município da Conda. Está inserida em uma localidade de grande importância para a biodiversidade em termos de endemismo, riqueza de espécies e ameaças popularmente designados como «hotspots» de biodiversidade (Myers ,1988; Myers et al., 2000) – fala-se concretamente da Reserva Florestal da Kumbira adotada com recomendações adicionais pelo ministério do Ambiente do Governo de  Angola em 2011, a par de outras florestas como: Pingano – Provincia do Uíge; Lagoa do Carumbo – provincia da Lunda‑Norte; serra Mbango – provincia de Malange.

prática de ASAE na ECA Angola enviado por Jorge FDF2

A floresta é atravessada pela bacia hidrográfica do rio Queve, uma bacia costeira, central. Ocupa cerca de 1,5% da área de Angola. Na relatividade continental é um rio pequeno; no contexto angolano é uma bacia média. Em termos de recursos naturais é uma bacia rica, onde os chamados produtos tropicais encontram boas condições climáticas e edáficas. Possui um formidável potencial hidroelectrico. A abundância de energia potencial (hidroeletricidade) pode alavancar o desenvolvimento nessa região. O clima predominante é tropical; as precipitações oscilam entre 1000 a 1100 mm da sede á região do Cunjo; a temperatura máxima varia entre 21 graus no leste a 25 graus no oeste; o período seco, cacimbo, inicia em maio, variando entre 4 a 6 meses, das regiões do oriente as do ocidente, prolongando-se até outubro.

Apesar de ser eleita como uma reserva florestal, a pratica diária dos habitantes da região não se coaduna com os vocábulos conservação e sustentabilidade. O maior problema nessa região prende-se com o desmatamento e queimadas.  O desmatamento acontece a um ritmo e escala assustadores. O cenário é desolador e piora a cada dia que passa. Ao longo das estradas e picadas de acesso a região vêem-se expostos molhos de lenha à venda.  

Existem diversas causas para as queimadas, sendo na sua maioria feita por comunidades rurais para sua subsistência, como a produção de carvão e a caça. Considera-se que é bastante raro que o fogo seja por causas naturais dadas as suas características climáticas. Grande parte das queimadas são resultado de fogo posto por seres humanos, na sua maioria populações que vivem nas zonas rurais. As principais causas são, por ordem de grandeza, a) regeneração das gramíneas (principalmente no final do cacimbo), b) abertura de campos agrícolas onde o fogo é usado para a ‘limpeza’ da área, e c) como método de caça. 

Esta realidade carece de uma intervenção sistémica muito profunda e urgente. 

Descrição da experiência

(Vivencias Culturais Agroecológicas na ECA )

O primeiro contacto com a agroecologia, como tal, foi aquando da realização de um estágio na região nordeste do Brasil junto da rede Articulação do Semiárido (ASA) onde se pode entender que, naquelas paragens, é já um sistema robusto, complexo e funcional. 

A realidade angolana, conforme apresentado por Gabriel Joaquim (Oficial de Salvaguardas Ambiental e Social) e Guilherme Chivando (Extensionista e Gestor de Projetos) aquando do Webinário Agroecologia na CPLP - Estado da Arte e Perspectivas, existem alguns projectos no sentido de alavancar a agroecologia, porem ainda há um longo caminho a percorrer. 

Os membros da Escola de Campo de Agricultores Chitumba Chassela e moradores da aldeia Dumbo III através do projecto SAMAP e FAO têm conseguido construir os seus conhecimentos através do aprender fazendo, ou seja, o conhecimento agrogeológico herdado dos seus antepassados e conhecimento que parte de  um currículo de capacitação devidamente estruturado.  Assim, na ECA Chitumba Chassela: 

 A prática em terreno tem sido a primeira fonte de aprendizagem agroecológica e esta acontece na lavra, pastoreio, é onde se desenvolvem as práticas para a busca de alternativas viáveis para a melhoria do manejo das culturas e criações.

Os temas da capacitação dependem dos problemas levantados pelos membros da ECA e podem evoluir no tempo de acordo com o surgimento de novos desafios: os membros  aprendem melhor quando se deparam com um tema  que soluciona problemas da sua vida quotidiana. 

A experimentação e a tomada de decisão é que tem guiado o processo de aprendizagem. Os experimentos são conduzidos e avaliados coletivamente na busca de respostas e soluções aos problemas identificados. 

A valorização dos conhecimentos de cada participante, a troca de experiências e a Análise do Sistema Agroecológico (ASAE) são as bases para a aprendizagem de práticas agoecológicas na ECA Chitumba Chassela. 

Assim eles fazem: Manejo do solo através da consorciação, rotação de culturas, pousio embora esse em tempo indeterminado, preparam composto, e manejo integrado de pragas através de biocidas contando com o material disponível na região. 

Conclusão/próximos passos

A metodologia de escolas de Campo de agricultores é extremamente importante para alavancar a agroecologia junto das comunidades rurais. Para tal precisa-se continuar nessa senda e incrementar políticas publicas que possam alavancar a agroecologia nessa região e não só.