CONSCIENCIALIZAÇÃO AMBIENTAL EM TIMOR-LESTE

 Relato submetido por Fabíula Exposto Dias Pereira 

Contextualização da localidade da experiência

A República democrática de Timor-Leste é uma das nações mais novas do mundo, tendo restaurado a sua independência em 2002. É habitada por 1.23 milhões de pessoas. A população tem vindo a crescer rapidamente, devido a uma alta taxa de fertilidade, atualmente por volta de seis filhos por cada mulher, e a uma diminuição das taxas de mortalidade infantil. Esta rapidez de crescimento da população, leva a uma procura mais acentuada de alimentos e água potável, impondo uma forte pressão sobre ecossistemas, e, por efeito, a um aumento da degradação dos recursos naturais da nação. Esta pressão é mais forte nas zonas urbanas, sendo Díli, a capital, uma das zonas que mais sofre com essa pressão. Além disso, o facto de a capital, atualmente com uma população que rondará os 300.000 habitantes, se situar na costa norte, numa zona em que a época seca chega a durar 5 a 6 meses, leva a que a disponibilidade e qualidade das fontes de água estejam permanentemente em risco. Em anos de fenómenos como o El Niño, estes períodos de longa seca podem ser maiores.

A economia timorense tem vindo a crescer com ajuda do sector do petróleo, que atualmente sustenta por volta de 90% o orçamento do estado. Contudo, o Plano de Desenvolvimento Estratégico Nacional de Timor-Leste 2011-2030 (PDEN 2030) pretende alterar essa lógica e identifica a diversificação da economia para outras áreas, longe do petróleo como recurso essencial, com o desenvolvimento da agricultura e o Turismo como as componentes chave para esta estratégia.

Timor-Leste é uma ilha formada por cadeias de montanhosas, distribuídas nas paisagens naturais, com aproximadamente 61% de declive e 26% de terreno plano e os restantes 13% com domínio do mar e lagos. Quase 80% da população depende para sua subsistência da produção agrícola, onde a maior parte da agricultura é feita nas encostas. Durante a longa ocupação da colonização portuguesa, a abordagem das atividades de intervenção agrícola, foram direcionadas para a monocultura. No entanto, durante a ocupação do regime indonésio, foram introduzidas pesticidas e fertilizantes químicos, sementes híbridas, causando uma alta dependência para os agricultores timorenses. O maior impacto negativo para estas duas diferentes formas de abordagem tem sido, ao longo dos tempos, a destruição do meio ambiente e algumas espécies de plantas que eram geneticamente adaptadas às condições naturais da região. Contudo, estes efeitos afetam também de forma negativa o conhecimento local, práticas de solo, água e agricultura em termos de conservação e uso desses recursos naturais. 

Aileu é um dos 13 municípios administrativos de Timor-Leste, localizado a sul de Díli, a capital do país. Possui 44325 habitantes (2010), uma área de 729 km² e uma densidade demográfica de 61 h/km². A sua capital é a cidade de Aileu. Aileu localiza-se no noroeste de Timor-Leste e é um dos dois municípios sem acesso ao mar. 

                                                MUNICIPIO DE AILEU – POSTO REMEXIO SUKU FAHI-SOI, ALDEIIA DIRU

Descrição da experiência

O programa de desenvolvimento rural integrado, realizado no município de Aileu – posto administrativo Remexio e Suku Fahi-Soi, aldeia Diru, teve como foco principal a conscientização ambiental.

A partir das atividades de plantação de árvores nas terras baldias, junto às encostas e perto das nascentes de água, foi introduzida a formação para construção do terraceamento, técnicas simples utilizando o quadro “A”, com fim de plantação dos vegetais e hortaliças de forma a aumentar a produção dos produtos dos agricultores. Com este fim, evitou assim aos agricultores a contínua prática da agricultura nómada.

O programa de consciencialização ambiental teve como objetivo alertar a população para a proteção ambiental. As formações realizadas foram:

Terraceamento:

A população do Suku Fahi-Soi, praticava até a presente data uma agricultura nómada, para além dos desconfortos pela rotação de três em três anos efetuar sucessivas trocas e mudança no manejo do solo, também não é feito de maneira mais adequada. Nesse sentido, técnicas como adubação, construção de trechos de água e outros manejos fundamentais são pouco adotados. Com as queimadas e o aumento do nitrogênio no solo, há um aumento significativo na produtividade. Entretanto, isso dura pouco tempo e logo o solo se torna fraco e improdutivo, impactando diretamente na qualidade dos produtos cultivados. Desta forma, através da formação e aplicação das técnicas agrícolas associadas ao terraceamento (quadro A, produção adubos orgânicos através dos estercos da vaca evitando a utilização de adubos químicos), mostrou a população as vantagens desta prática, trazendo à população maior produtividade dos seus produtos agrícolas e de igual modo de forma sustentável, e também a proteção dos solos para evitar o  desabamento de terras no período das grandes chuvas.

Saneamento:

Esta atividade foi realizada para promover a construção de instalações sanitárias para a população e práticas de higiene diária. Foram criadas diversas medidas que pudessem ser adotadas para prevenir doenças, tanto para não nos contaminarmos, quanto para não as disseminar para outras pessoas. Entre essas medidas estão os hábitos de higiene pessoais, e aqueles com objetos e ambientes. Essas práticas ajudam a prevenir o contato das pessoas com agentes patógenos, como vírus e bactérias. Também evitam a proliferação deles, bem como eliminam aqueles que já possam estar em contato connosco, seja depositado na pele, nas roupas ou superfícies.

Proteção das nascentes: 

A conservação da água, do solo e dos recursos florestais é o princípio básico para preservar e conservar a quantidade e qualidade das águas, garantindo o chamado desenvolvimento sustentável. Para a revitalização hidra ambiental das bacias hidrográficas, é essencial preservar as nascentes, reduzir a erosão dos solos, e aumentar ou manter a cobertura florestal. Para estabelecer esse limite entre o uso do solo e a preservação ambiental é de fundamental importância envolver os produtores rurais para o entendimento de que todos são responsáveis. Para isso, mobilizamos a população para plantar árvores com características próprias junto das nascentes para proteção das águas. Construção de um fogão com baixo consumo de lenha, evitando assim o derrube indiscriminado de árvores.

 

 

Conclusão

Timor-Leste, desenvolve-se de forma ainda prematura e necessita de apoio para desenvolver a agroecologia em seu território. Para nivelar os nossos conhecimentos com os restantes países da CPLP, necessitamos do apoio dos países irmãos, através de parcerias no âmbito de projetos desenvolvidos pela a União Europeia, Instituto Camões, e outras instituições de outros países. 

Atualmente, o projeto encontra-se terminado, no entanto, os impactos positivos estão refletidos nas condições melhoradas da vida da população ao nível da saúde, ambiente, agricultura e na erradicação da pobreza. 

Próximos passos

A ONG AMAR, mostra-se disponível para um projeto em parceria com um/os parceiro(s) da CPLP de forma a partilhar experiências e conhecimentos num projeto de agroecologia em Timor-Leste, no município (REMEXIO). Remexio, é um lugar em que a ONG AMAR, já trabalha com a população há vários anos, onde a confiança está estabelecida com a comunidade residente, onde torna o trabalho mais facilitado. Timor-Leste poderia ser o primeiro projeto piloto da Agroecologia CPLP. Remexio também é o posto Administrativo mais pobre de Timor-Leste.

 

1 Profissão: Estudante / Diretora executiva da ONG AMAR

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