Práticas Agroecológicas

 A experiência das boas práticas agroecológicas na Horticultura: Caso do horticultor de Amparo II

Relato submetido por Janete Chantre1

  1. Contextualização da localidade da experiência

A comunidade de Amparo II faz parte da ex empresa Agrícola Santa Margarida situada no Distrito de Mé-Zochi e dista da cidade capital a cerca de 4 km.  O clima é tropical húmido, com duas estações bem definidas, a estação seca (Gravana), que ocorre entre os meses de junho a agosto a estação chuvosa, que ocorre nos restantes meses. As zonas de maior altitude registam maior pluviosidade em comparação com as zonas mais baixas, sendo 7000mm por ano e 1000mm por ano respetivamente. As temperaturas variam entre 21°C e 27°C. Os solos identificados no país são paraferralíticos, fersialíticos tropicais castanhos e barros pretos, férteis, bem drenados, propício para desenvolvimento de atividades agrícolas.

Na região do campo existem cerca de 6 horticultores que fazem da sua principal atividade a agricultura (horticultura) feijão verde, tomate, cenoura, cebola, salsa, pimentão, frutícolas e citrinos - sempre rotativo e em consorcio com culturas alimentares e culturas de exportação. A maior parte dos agricultores daquela região ainda continuam com a   prática convencional, isto é, fazem a agricultura recorrendo ao uso de agroquímicos. Entretanto, um grupo formado por três horticultores de Amparo II vem optando pela produção de hortícolas sem uso de agroquímicos que tem contribuído para a sua fonte de renda, dieta bem como a melhoria da qualidade do solo e do meio ambiente. Este agricultor tem sido assistido e apoiado pelas instituições públicas e privadas para desenvolverem as suas atividades. 

  1. Descrição da experiência

A iniciativa agrogeológica cada vez mais vem ganhando interesse por parte dos agricultores, embora já existem no país a cooperativa biológica de cacau, café e pimenta bem estruturada. Ao nível da horticultura existem várias iniciativas e projetos que tem ajudado a incrementar uma agricultura sustentável. Desde 2012, o Senhor António (agricultor de Amparo II) vem sendo beneficiado com várias ações de formações sobre boas práticas agroecológicas. Foi neste contexto que começou a conhecer as vantagens da agroecologia. 

Segundo Sr. António, fazer uma agricultura baseada em princípios agrogeológicos é suficiente para seu autossustento. Faz um pouco de cada cultura e usa matérias primas locais para preparação do composto, tais como: casca de cacau, café, cerradura, dejetos de animais, folhas de manipueira, nim e moringa na produção. Por essa razão, a produção pode ser feita em pequena escala. Mas só isso não é suficiente, há necessidade de complementar com inseticida biológico.  A agroecologia é uma ação nova, temos que acreditar, unir as forças e fomentar cada vez mais a investigação científica.

Nota-se também pouca valorização no consumo dos produtos agrogeológicos por parte dos consumidores. O preço e o mercado não diferem o biológico do convencional, o que tem desmotivado os agricultores. Difícil acesso às sementes, inseticidas biológicas e deficiente assistência técnica são apontados como alguns constrangimentos à produção sustentável. 

Conhecendo a importância da agroecologia, continua fazendo a sua produção em pequena escala, em pequenas áreas, uma vez que o investimento é inferior de quando usava os agrotóxicos. 

Acredita que com mais apoios e mais engajamento dos horticultores das instituições, mais assistência técnica e formação, a agroecologia poderá ganhar terreno no país uma vez que produção agrícola para exportação assente em modelos mais sustentáveis e maior valor agregado (fileiras biologicas) já demonstrou ser viável economica e socialmente São Tomé e Príncipe.

  1. Conclusão/próximos passos

Apesar do país já ter alguns passos dados relativamente a essa matéria, seria interessante criar condições para elaboração e implementação da Estatégia Nacional para a transição da produção agrícola convencional para a produção 100% Biológica;

Intensificar mais atividades ligados a escola campo; 

Promover a formação técnico – profissional em agroecologia; 

Incentivar a pesquisa, inovação e extensão tecnológica no contexto da produção agroecológica;

Promover intercambio  de conhecimentos e saberes  entre as partes intervenientes nesse processo : ONGs, Ministério de Agricultura, associações e  coopetativas; 

Com os saberes adiquiridos nesta ação de formaçao, pretendemos partilhar junto das outras comunidades que aindam não usam boas práticas agoecológicas, em parceria com organizações que entervêm no ramo agricola no meio rual. 

  1. Anexo: Fotos sobre boas  práticas agroecológicas 

Imagem 1: Produtos agroecológicos com composto biológico / matéria prima local 

C:\Users\Midiatel\Desktop\254693372_638773147130351_5778942142202794439_n.jpg

Imagem 2: plantas com barrira para repelir insetos e armadilha com feromona para capturar insetos 

C:\Users\Midiatel\Desktop\254010303_318436693043198_2946927132190707098_n.jpgC:\Users\Midiatel\Desktop\254731875_2013031015541676_5668524201555300735_n.jpg

Imagem 3: planta de Nim para preparação de pesticida biológica 

C:\Users\Midiatel\Desktop\254981149_571782383893489_6086143700716037916_n.jpg

1 Técnica do Ministério de Agricultura Pesca  e Desenvolvimento Rural de São Tome e Príncipe